quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Depoimentos dos maiores treinadores de futebol de todos os tempos: (retirado do livro "Banho de Bola" do escritor Roberto Assaf, Ed. Dorea Books)

Herbert Chapman – primeiro retranqueiro assumido do futebol
Kiveton Park / Inglaterra – 19 / janeiro / 1878
“Todo time entra em campo com pelo menos um ponto assegurado. Para que se arriscar a perder dois? Vejam que curioso: você pode ir à frente o tempo inteiro e mesmo assim deixar o gramado sem o sabor da vitória. Porque, então, não preservar o tal pontinho que o regulamento nos dá de graça e tentar surpreender o oponente apenas no contra-ataque?”.

Hugo Meisl
Áustria – 16 / novembro / 1881
“Temos um futebol muito refinado com o deles (Inglaterra). Podemos até copiá-los taticamente, mas temos a obrigação de valorizar o passe, seja qual for a circunstancia, estejam os nossos jogadores pressionados pelo adversário ou avançando em direção ao gol em alta velocidade. Devemos privilegiar obrigatoriamente o companheiro mais bem colocado”.

Gentil Alves Cardoso – “o moço preto dos pequenos”
Recife / PE – 05 / setembro / 1901 a 08 / setembro / 1970
“A vitória não exige explicações, a derrota não merece desculpas, o empate não significa superioridade”.
“Quem desloca recebe, quem pede tem preferência”.
“A bola é feita de couro, o couro é tirado da vaca, e a vaca só gosta de grama. Portanto, bola não voa, é feita para rolar rasteira, quando mais rasteira melhor”.

Ademar Pimenta – treinador da seleção brasileira no Mundial de 1938
Rio de Janeiro – 12 / abril / 1896
“A tática deve ser aplicada de acordo com o adversário que se enfrenta. Como na guerra. As táticas se modificam de acordo com o terreno, com a sua topografia, com o valor material do inimigo, e com outros elementos que devem ser levados em conta”.


Nereo Rocco – terceiro retranqueiro assumido do futebol de destaque mundial
Trieste / Itália – 20 / maio / 1912 a 20 / fevereiro / 1979
“A Triestina é um time pra lá de modesto. Jamais poderemos chegar ao título. Se quisermos brilhar temos antes de mais nada que evitar os gols. Se pudermos marcá-los em contra-ataques, ótimo. Caso contrário, nos contentaremos com o empate”.
A Triestina foi vice-campeã da Itália, em 1948.
Martim Francisco Ribeiro de Andrada – Treinador do Villa Nova / MG em 1951.
Ouro Preto / MG – 21 / fevereiro / 1928 a 22 / junho / 1982
“Faço do primeiro tempo apenas um campo de estudos. Observo o posicionamento e a evolução do adversário. Depois, troco as minhas peças. Como sempre faço isso com maior acerto do que o técnico inimigo, acabo levando vantagem”.
“O futebol em si não decepciona ninguém. Jogadores, massagistas, médicos, roupeiros e técnicos falam invariavelmente a mesma língua. O que decepciona são os dirigentes: na maioria, são burros, ignorantes, mal-intencionados”.
  
Dom Manuel Agustín Fleitas Solich (Solich) – Treinador do Flamengo que lançou Zico em 1971.
Assunção / Paraguai – 30 / dezembro / 1900 a 17 / março / 1984
“O homem dispõe de sua ciência, de seu trabalho, mas o que acaba decidindo muitas vezes é o clima, a natureza, e assim a determinação coletiva de vencer”.
“A tática, essa se ensina e se aprende, não há dúvida. Mas o jogo propriamente dito não se pode ensinar. Mas há casos distintos, de jogadores que amadurecem e que passam a ter uma espécie de velocidade cerebral”.
Helenio Herrera – Treinador da seleção espanhola no Mundial de 1962.
Buenos Aires / Argentina – 17 / abril / 1916 a 9 / novembro / 1997
“O futebol moderno é velocidade. Desloque-se com velocidade, passe a bola com velocidade, marque e desmarque-se com velocidade, pense com velocidade”.

Raoul Mollet – Preparador físico e autor do livro: Power Training - 1961
Bélgica
“Estou convencido de que craques como Pelé, Di Stéfano, Puskas e Stanley Mattheus, só para citar alguns, podem ser facilmente anulados por adversários que estejam preparados para correr o dobro. Por adversários que possam fazer do futebol um jogo em que a luta pela bola e pelos espaços do campo dependa, fundamentalmente, do fôlego apurado. Cuidando mais do aspecto físico, o atleta que tem menos talento estará em condições de superar, no plano tático, oponentes mais brilhantes”.

Luis Alonso Perez, Lula – Entrevista à Revista do Esporte, em 1962.
Santos / SP – 1º / março / 1922 a 15 / junho / 1972
Para ser um grande técnico, é preciso: “Ser honesto, fazer com que os seus comandados tenham confiança em si, ter autoridade no serviço que executa, para evitar palpites de terceiros, e saber dirigir-se aos seus comandados nos diversos momentos”.
“Antigamente jogava-se e deixava-se o adversário jogar, à semelhança do futebol praticado hoje pelo Santos. Atualmente, a grande maioria das nossas equipes preocupa-se mais em defender do que em atacar. Sistema rígido ou variável? Ora, devemos jogar de acordo com o nosso adversário, nunca ficar preso a um sistema. Isso é muito perigoso”.

Elba de Pádua Lima, Tim, o Estrategista.
Rifaina / SP – 20 / fevereiro / 1915 a 7 / julho / 1984
“Tem que saber jogar a bola. Tem que saber dar um chute. Tem que ser capaz de ensinar o jogador a pegar a bola desta ou daquela maneira. É inconcebível exigir-se que o jogador faça as coisas de oitiva”.
“Não acredito em faculdade dando canudo de doutor em futebol. Esse título de doutor só se tira nos gramados”.
“É importante que ele (dirigente) me dê assistência, que saiba o que faço. O técnico num clube de futebol é como o empregado de uma casa comercial. O cidadão monta um estabelecimento, coloca aí o empregado para tomar conta do negócio. Nunca aparece lá, deixando tudo correr sem a sua presença, sem uma troca de idéias. Por muito bom que seja o empregado, o desentrosamento vai acarretar em prejuízo”.

Rubens Minelli – Tri campeão brasileiro (75 e 76 pelo Internacional e 77 pelo São Paulo)
São Paulo / SP – 19 / dezembro / 1928
“Sou favorável à polivalência. O jogador especialista só seria titular se fosse um jogador fabuloso. Caso contrário, eu o trocaria por alguém que trabalhe pelo todo. Mas atualmente a presença de um especialista com habilidade ainda é necessária”.
“Sou fascinado pelas batalhas da Segunda Guerra Mundial, tenho coleções completas. Os conceitos em relação a uma batalha, do marechal alemão Rommel, a Raposa do Deserto, encaixam-se no futebol. Faz parte da estratégia explorar os pontos vulneráveis do adversário e fortalecer as fragilidades que você tem.”
Nelson Ernesto Filpo Nuñez, El Bandoneón. Treinador do Palmeiras, a Academia.
Buenos Aires / Argentina – 19 / agosto / 1920 a 6 / março / 1999
“Eu ganhei, nós empatamos, eles perderam”.
“O técnico de futebol tem duas alternativas: ou cria e idealiza, ou abandona a profissão. Se tem medo, não conhece seu métier”.
“Na falta de agilidade, de poder de improvisação, o jogador europeu foi levado a procurar uma maneira de barrar o futebol-arte. O futebol sul-americano tem de tudo: picardia, malícia, controle de bola, bom reflexo, finalizações e jogadas bonitas e práticas. Principalmente o jogador brasileiro. Isso nasce com o jogador sul-americano. Não vamos matar tais qualidades. O futebol europeu é um futebol mecanizado”.
“Trabalhei numa terra de 160 milhões de técnicos e fui o número um. Vim, vi e venci. Ganhei muito dinheiro, perdi tudo, gastando, gastando. Mas não posso me queixar. O futebol me deu mais alegrias do que tristezas”.

Valeri Lobanovski – implantou o futebol profissional na URSS, em 1989.
Kiev / URSS – 6 / janeiro / 1939
“Temos que priorizar o coletivo. No meu time, não há lugar para a firula desnecessária. Só admito a improvisação em última circunstancia, caso tal recurso se mostre absolutamente essencial para atingirmos o alvo inimigo, ou seja, para colocar a bola na rede do adversário”.
“Jogo iniciado, devemos adaptar-nos ao que se apresenta. Assim, o esquema tático torna-se mais importante do que o próprio jogador”.
Flávio Rodrigues Costa – Vice-campeão Mundial pelo Seleção Brasileira em 1950.
Carangola / MG – 14 / setembro / 1906 a 22 / novembro / 1999.
“Somos um país em que cada pessoa se crê uma autoridade em futebol. A primeira condição para ser treinador, por aqui, é pensar com a própria cabeça e não com a cabeça das milhões de autoridades que estão espalhadas por aí”.

Arrigo Sacchi – Campeão Mundial pelo Milan em 1990, vice-mundial pela Itália em 1994.
Fusignano / Itália – 1º / abril / 1946
“O treinador pode ser comparado a um diretor de cinema ou a um maestro. Se atores ou músicos trabalham por conta própria, fazem o que lhes dá na telha, então quem a batuta não poderá obter de fato qualquer resultado. Ora, não consigo ver um Luciano Pavarotti interpretando sem um ensaio prévio, nem entender um time de futebol que pise o gramado sem um projeto de jogo definido”.
arlos Alberto Parreira – Campeão Mundial pelo Brasil em 1994 como treinador.
Padre Miguel / RJ – 27 / fevereiro / 1943
“Não jogo bonito nem feio, mas de acordo com as circunstancias”.
Marinho Rodrigues de Oliveira – Entrevista à Revista do Esporte, em 1963.
Paracambi / RJ – 21 / maio / 1926
A primeira qualidade para ser um bom treinador é: “Ser um bom psicólogo e saber fazer-se entender bem, pouco importando como fale”.
“As variações táticas devem ocorrer de acordo com o adversário”.

Ottmar Hitzfeld – Bi-campeão Mundial pelo Borussia em 1997 e pelo Bayer Munique em 2001.
Lörrach / Alemanha – 12 / janeiro / 1949
“O medo de vencer tem sido nosso grande adversário. É preciso ter na mente o desejo incontido da vitória. Quem é covarde não serve para o futebol. Deve ficar em casa”.
Mário Jorge Lobo Zagallo – Como treinador do Brasil, foi campeão em 70 e vice em 98.
Maceió / AL – 9 / agosto / 1931
“Um dia, em Hindas, estrada de terra quando perdi as travas da chuteira. Disse para mim mesmo: Se achar essas travas seremos campeões do mundo. Acabei achando. Sorte? Sei lá. Tenho dessas coisas”.
“Vamos fazer as contas. Meu primeiro título como treinador profissional foi em 67: seis mais sete, 13. Fui campeão mundial em 58: cinco e oito, 13. Nasci em 31, um e três invertidos. Voto na 13ª Zona Eleitoral. Minha mulher é devota de Santo Antônio, cujo dia é 13 de junho. Até a placa do meu carro é 1313. Ah! Estamos em 94, nove e quatro, 13”.
“Um retranqueiro não pode ter tantos títulos. Não sou defensivista, tampouco ofensivista. No futebol, como na vida, o equilíbrio é tudo. Sou dos que acreditam que o todo é maior de suas partes. O treinador defensivo não leva sua equipe a lugar algum. O ofensivo, apenas ofensivo, também não. Atacar sem disciplina é suicídio. Defender, apenas defender, é renunciar à vitória”.
“Foi sorte pra mim ter que iniciar como preparador de um time de juvenis. A tarimba aprendida no primeiro degrau tem muito vigor, tornando-se indispensáveis ao treinador desejoso de projetar-se. Mesmo que já possua fortes conhecimentos e que se tenha valorizado ao máximo como jogador. De qualquer forma, eu não me julgava de todo vazio de aptidões no cargo novo. Sempre prestei muita atenção ao que os técnicos ensinavam. Além disso, era um curioso. Quando eu jogava, tinha gosto em desvendar, por dentro, a malícia dos segredos”.
“O doutor Lídio Toledo me garantiu que ele estava bem e que eu poderia aproveitá-lo”. Sobre a escalação de Ronaldo Fenômeno na final da copa da França em 1998.
Vanderlei Luxemburgo – considerado um dos melhores treinadores de todos os tempos.
Nova Iguaçu / RJ – 10 / maio / 1952
“A seleção brasileira faz parte da trajetória natural da minha carreira”.
“Não há mais nada no futebol para você inventar taticamente. A modernidade está dentro do atleta. O futebol deve ser participativo. Os jogadores têm a obrigação de saber executar múltiplas funções. Um time pode ser extremamente ofensivo sem ser vulnerável”.


Emerson Leão – Campeão Brasileiro com o Santos em 2002.
Ribeirão Preto / SP – 11 / julho / 1949
“Sendo atleta, você depende de sua atividade individual e do companheirismo. Sendo treinador, tem que lidar com situações extremas, emocionais e agudas de muita gente. Tem que lidar com a torcida, com a imprensa, de forma mais intensa. Com problemas técnicos, táticos, físicos e psicológicos dos atletas. Mexer com o amadorismo ou o profissionalismo de dirigentes. Quando atleta, eu terminava o treino, tomava banho e ia embora. Hoje fico 24 horas pensando em futebol.”
lfredo Moreira Júnior, o Zezé Moreira – Treinador da Seleção Brasileira no Mundial de 1954, e Campeão da Taça Libertadores da América pelo Cruzeiro em 1976.
Miracema / RJ – 16 / outubro / 1907 a 10 / abril / 1998.
“Eu ignorava as táticas e os estilos de arbitragem que iria enfrentar, desconhecia os hábitos do cotidiano e a própria alimentação dos europeus. Nossos jogadores estranharam a bola, fora do nosso peso ideal, e a obrigatoriedade de jogar com chuteiras de travas altas, por causa dos gramados altos, fofos”.

Héctor Raúl Cuper – Treinador da Internazionale de Milão, em 2001.
Santa Fé / Argentina – 16 / novembro / 1955
“A melhor amiga do homem é a disciplina. Porque é o que o ajuda a desenvolver aquilo que ele se propõe a fazer.”
Luiz Felipe Scolari – Campeão Mundial como treinador da Seleção Brasileira em 2002.
Passo Fundo / RS – 9 / novembro / 1948
“Só joguei em equipes que não tinham uma qualidade superior. Nelas aprendi que se pode brigar por algo se tivermos aplicação, disciplina e organização. Como técnico, sigo mais ou menos essa característica”.
“Eu vou ser sempre criticado porque meus times nunca vão jogar do jeito que as pessoas querem. Meu estilo não é esse. E não vai ser também. Meu estilo é competição. Se eu puder colocar qualidade, ótimo. Mas primeiro vou ter como objetivo as vitórias, do jeito que for”.



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